Marcelo Castilho escreve sobre Como superar o grande cansaço?( Critico de dança Jornal Estado de Minas)
Eduardo Fukushima, que apresenta esta quinta, na programação do Fórum Internacional de Dança (FID) seu Como superar o grande cansaço?, é daqueles performers cujo espaço só poderia ser garantido na dança contemporânea. É pequeno demais, parrudo demais, e não tem nada das formas longilíneas que a tradição associa à dança. Melhor para nós: seu trabalho só poderia ser construído sobre aquele corpo e o choque que ele produz com nossas ideias pré-concebidas sobre como um corpo de bailarino deveria ser.
Como superar o grande cansaço? deveria ser visto por todos os que acreditam que a criação ocorre no próprio palco – mesmo depois de meses de ensaio. É, na essência, um exercício de improvisação refinado ao nível do nosso mais cotidiano exercício de improvisação, a fala: ele domina instrumentalmente certos movimentos, conhece profundamente as maneiras como podem ser associados, tem algo a dizer e vai compondo diante de nós frases coreográficas inteiras. Faz isso com perícia, agilidade, velocidade (o que acaba sendo engraçado, porque fora do palco é capaz de movimentos e fala lentos e contidos), expressão. E no processo, como ocorre com a fala, aquele corpo conversa conosco: sobre exaustão, sobre movimento, sobre o frenesi presente no próprio ato de dançar.