Homem Torto escrito de Ruy Filho.
Homem Torto, de Eduardo Fukushima
Andar ou deslocar-se ou escorrer pelo ar. Ou então apenas ir, e assim ser o movimento, o instante da ação, simplesmente existir em completude de estar. O andar confere ao ser um sentido, um trajeto, uma trajetória também pelo interior daquele que percorre. Então é a soma do ir e do reverso simultâneos, e nesse encontro entre ambos o sujeito se revela a sobrevivência ao tempo. Em cada imagem que compõe um gesto mínimo, em cada partitura que surge no acúmulo dos gestos, Fukushima narra a subjetividade de um corpo que andarilha pelos seus vales mais íntimos. Sem se esconder, sem se proteger. Ao atravessar a sala com um imenso vocabulário corporal e por isso mesmo simbólico faz do andar o mítico do viver. Ele anda. Nós, estáticos, dançamos cúmplices seus pensamentos. Maravilhosos pensamentos